9 CEOs revelam o que pensam sobre o futuro do trabalho

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No início do ano, o Fórum Econômico Mundial fez suas apostas sobre o futuro do trabalho. Flexibilidade de jornada, home office, requalificação, inclusão e bem-estar foram os principais termos escolhidos pelos líderes para redefinir o cenário vivido pelas empresas e pelos profissionais nos próximos anos.

A pandemia de Covid-19 serviu, ainda, para acelerar tendências de mercado. Com a porta dos escritórios fechada, os colaboradores brasileiros se viram até 58% mais produtivos enquanto atuavam em suas próprias casas, de acordo com um relatório da Fundação Dom Cabral. Uma pesquisa da consultoria LiveCareer revelou que 30% dos funcionários do mundo preferem pedir demissão do que voltar ao modelo de trabalho tradicional, no qual as equipes se encontram cinco dias por semana.

Por outro lado, a transformação digital das empresas consolidou a chegada da chamada Quarta Revolução Industrial. Em um cenário onde os sistemas se tornam autônomos e a inteligência artificial é capaz de absorver parte dos processos de produção, a requalificação profissional se torna urgente. Nesse cenário, o relatório do Fórum Econômico Mundial aponta que, pelo menos, 85 milhões de empregos serão remodelados até 2025, enquanto 50% dos profissionais que continuarão na sua função terão que se atualizar se quiserem fazer parte do futuro do trabalho.

Com base nessa perspectiva, a Forbes pediu para que nove CEOs e presidentes de empresas, de setores variados, relatassem o que pensam sobre o futuro do trabalho. Veja, na galeria a seguir, o que eles esperam num mundo pós-pandemia:

Flávio André Nunes dos Santos, CEO da Superbom

“O futuro do trabalho tende a ser cada dia mais dinâmico e desafiador, especialmente porque nunca vivemos um momento onde quem deseja se qualificar tenha tantos caminhos para isso. E, em relação à indústria alimentícia, não falamos apenas de mão de obra, mas também de soluções em qualquer estágio da cadeia produtiva, visando o melhor resultado para quatro prismas: trabalhador, empresa, mercado e meio ambiente. As soluções dentro de uma indústria vão desde automações de linhas para um padrão de indústria 4.0 – ainda que com a complexidade de se fazer isso com linhas quase que exclusivas no Brasil -, até novos meios de distribuição e abastecimento mais rápidos, econômicos e eficientes. E se a distribuição e o abastecimento não atenderem às expectativas do futuro, a tecnologia de produção de alimentos deverá se modernizar. Essa modernização chegará a um ponto onde alimentos de temperatura controlada dispensarão tal condição e, consequentemente, se tornarão shelf-stable (alimentos com estabilidade na prateleira, em tradução livre), ampliando seu acesso de forma prática a consumidores que, por sua vez, querem cada vez mais dispor do ato da compra em qualquer tempo e espaço, com a garantia de acesso e entrega.”

Ivens Dias Branco Júnior, CEO da M. Dias Branco

“O distanciamento social que fomos obrigados a adotar em decorrência da pandemia de Covid-19 alterou profundamente nossas relações sociais. Quanto ao mercado de trabalho, empregados e empregadores tiveram de se adaptar rapidamente a uma nova realidade, especialmente com o apoio da tecnologia. Como tendência para o futuro, acredito que medidas que garantam uma maior produtividade tendem a ser mais utilizadas, em especial a adoção do teletrabalho e de jornadas flexíveis. Reuniões por videoconferência devem continuar habituais, sem desperdício de tempo e custos de deslocamento. A maior automação e utilização de inteligência artificial devem modificar algumas funções, fazendo com que os profissionais precisem dar maior ênfase ao desenvolvimento de habilidades que reforcem uma visão mais analítica e sistêmica. Essas tendências podem ser muito positivas aos negócios, inclusive com a necessidade de formação de equipes multidisciplinares de trabalho. A necessidade de distanciamento social mostrou também a importância de uma rotina saudável e de investimento no equilíbrio psicológico e emocional, o que sinaliza para as empresas a relevância de incrementar o estímulo às ações de desenvolvimento das habilidades emocionais das pessoas.”

Gustavo Brant, head de operação da DocuSign no Brasil

“Não conheço uma pessoa que não esteja falando e especulando sobre como será o futuro do trabalho. Acreditamos que, quando os escritórios físicos forem reabertos, será com uma capacidade reduzida. Aqui na DocuSign devemos manter uma boa parte dos nossos processos virtuais e com a possibilidade de os funcionários terem mais liberdade, trabalhando no home office ou indo ao escritório presencialmente por poucos dias na semana. Este modelo híbrido é o que acreditamos que deve acontecer no futuro com a maioria das empresas. E, para tal, as tecnologias terão um papel fundamental de ajudar na otimização dos processos, reduzindo impacto ambiental e permitindo aos funcionários se dedicarem às tarefas mais táticas, eliminando as burocracias e ganhando tempo para fazer algo produtivo para si e para os outros.”

Juliano Ohta, CEO da Telhanorte Tumelero

“Garantir diversidade, equidade e inclusão no ambiente profissional é uma questão sine qua non no futuro do trabalho. Mais do que cumprir cotas, é preciso realmente ter representatividade, escutar mais do que ditar, dar autonomia para que as pessoas trabalhem com propósito e que elas sejam verdadeiramente protagonistas das suas carreiras. Além de liderar companhias que apresentem alta performance, esse é um dos papéis fundamentais dos executivos e empreendedores na construção de uma sociedade com maior justiça social.”

Quintin Testa, diretor geral da Verallia na América do Sul

“Esperamos e lutamos por um futuro mais inclusivo e sustentável em toda a sociedade, a começar pelo ambiente profissional. Um dos pilares que regem o nosso propósito, que é o de reimaginar o vidro para um futuro sustentável, é justamente prover aos nossos colaboradores um local de trabalho seguro e inclusivo. Como um dos principais fabricantes de embalagens de vidro no mundo, a Verallia tem um papel fundamental a desempenhar para acelerar a transição rumo a um futuro do trabalho mais justo socialmente.”

Eduardo Coli, CEO da Lorenzetti

“A Lorenzetti é uma empresa quase centenária, que já acompanhou uma série de transformações na dinâmica corporativa. O futuro do trabalho envolve uma realidade já percebida, que é a digitalização de toda a cadeia de negócios, elevando a produtividade. Nas fábricas, a repetição é evitada, aumentando a produção; no varejo, os pedidos são feitos em tempo real para a expedição, que tem inventário homologado digitalmente e o canal e-commerce apresenta índices de crescimento contínuos. O fato é que, no futuro, pessoas e máquinas dividirão responsabilidades e as pessoas contarão ainda mais com a tecnologia a seu favor. Os limites entre a presença física e digital se rompem, ampliando a geração de negócios, a formação de pessoas e a evolução do mercado.”

Maurício Barros, CEO da DHL Supply Chain no Brasil

“A tecnologia será um grande impulsionador do futuro do trabalho. Vejo impactos positivos em quatro áreas principais: novas oportunidades de engajamento e colaboração; melhores condições de trabalho, sejam para foco em trabalhos mais analíticos e menos fisicamente demandantes; construção de uma força de trabalho mais diversificada, igualitária e inclusiva; e, claro, apoio ao processo de recrutamento e desenvolvimento de talentos. No futuro, vamos lidar com muitas tecnologias, mudanças e desafios, no entanto, a cultura estabelecida nas empresas continuará sendo um elemento crucial e enorme diferencial competitivo.”

Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi

“Acredito que ano após ano as empresas vão passar a atuar com base em um propósito, fazendo com que as vozes dos colaboradores somem e construam ao nosso lado. Digo isso porque as pessoas querem construir junto e trabalhar em um negócio com este conceito. Uma empresa é um organismo vivo por meio da sua cultura. Veremos cada vez mais fatores como flexibilidade, criatividade e adaptação no contexto profissional, mas também instituições que pregam por valores como empatia com o cliente, valorização dos profissionais, gestão para resultados, inovação e aprendizagem, transparência, credibilidade, agilidade e simplicidade.”

Cássio Pantaleoni, VP da Adobe para América Latina

“O modelo de trabalho mais flexibilizado veio, certamente, para ficar. Já era uma tendência crescente antes da pandemia e agora deve permanecer assim. Organizar a cultura da empresa, acompanhar o desempenho da equipe e manter uma comunicação efetiva e o engajamento a distância estão entre os maiores desafios da gestão remota para uma liderança bem-sucedida. Esses 16 meses de trabalho remoto na Adobe provaram que ser digital first, oferecendo boas soluções tecnológicas em nuvem para os colaboradores e parceiros, é a melhor estratégia para manter não só a produtividade, como também a conexão entre todos. Como líder, enfrentei o desafio de me fazer presente para toda a equipe mesmo sem o contato presencial, por isso, mais uma vez, as ferramentas digitais foram essenciais para manter esse relacionamento estratégico e apoiar a equipe em uma fase tão complexa. Sem dúvida, o futuro do trabalho é híbrido e caminha ao lado da evolução do digital.”

 

Conteúdo elaborado pela Forbes